Kamala Harris pode fazer história como a primeira mulher eleita presidente dos Estados Unidos.
- jose nunes Nunes
- 31 de out. de 2024
- 3 min de leitura

Com uma trajetória marcada pelo pioneirismo, Harris é vista como uma figura de grande potencial para alcançar o cargo mais alto do país. Sua candidatura seria um marco, destacando o avanço da representatividade feminina na política norte-americana e inspirando novas gerações.
Curiosamente, em 1964, ano de nascimento de Harris, Hollywood lançou "Aluga-se a Casa Branca" – uma comédia que brincava com a ideia de uma mulher presidente e seu "primeiro-damo", retratando isso como algo impensável e cômico. Sessenta anos depois, nas eleições de 2024, a realidade americana é outra, marcada por transformações sociais e culturais profundas, das quais Kamala Harris foi testemunha e protagonista.
Filha de um imigrante jamaicano e de uma imigrante indiana, Kamala nasceu em Oakland, Califórnia, no ano em que a segregação racial foi oficialmente abolida nos Estados Unidos. Criada pela mãe divorciada em um bairro de classe média, Kamala e sua irmã mais nova enfrentaram desafios desde cedo. Ainda criança, ela pegava o ônibus diariamente para um bairro mais rico em Berkeley, como parte da segunda turma integrada racialmente na escola. Em sua biografia, Aquilo em que acreditamos, ela compartilha detalhes de como essas experiências moldaram suas convicções e sua trajetória política.
Em 1982, Kamala Harris ingressou nos cursos de Economia e Ciência Política na Universidade de Howard, uma instituição historicamente voltada à formação de jovens negros nos Estados Unidos. Foi em Howard que Kamala começou a desenvolver habilidades essenciais para sua futura carreira política, especialmente em debates intensos que estimulavam o pensamento crítico.
Lita Rosario-Richardson, a única mulher na equipe de debates da universidade, notou o potencial de Kamala e a convidou para integrar o time. A experiência ajudou Kamala a construir uma de suas principais qualidades políticas: a habilidade de defender suas ideias com clareza e convicção, enfrentando questionamentos de forma eficaz.
Após concluir seus estudos em Washington, Kamala Harris retornou à Califórnia, onde se especializou em Direito e iniciou sua carreira como advogada na Prefeitura de São Francisco. No início, atuou em casos criminais e, posteriormente, foi convidada por Louise Renne a integrar a Secretaria da Família, onde aprofundou seu trabalho em defesa dos direitos da comunidade.
Kamala Harris não apenas ajudou a transformar a história em várias ocasiões, mas também entrou para ela. Em 2003, tornou-se a primeira mulher e a primeira pessoa negra eleita como procuradora da cidade de São Francisco. Em 2010, foi eleita como a primeira mulher negra a ocupar o cargo de procuradora-geral da Califórnia. Em 2016, foi eleita senadora, tornando-se a segunda mulher negra a chegar ao Senado dos Estados Unidos, na mesma noite em que a democrata Hillary Clinton perdeu a eleição presidencial para Donald Trump.
Como senadora, Kamala se destacou como uma das principais vozes da oposição, ganhando visibilidade nacional. Tão popular no Congresso, lançou sua candidatura presidencial em janeiro de 2019. Em um debate entre os candidatos democratas, Kamala criticou fortemente Joe Biden por sua posição, décadas atrás, contra o uso de ônibus escolares para promover a integração racial nas escolas públicas. No entanto, ainda em 2019, a falta de apoio financeiro levou ao encerramento de sua campanha.
Durante as primárias, Kamala foi criticada por posições pouco definidas e por um programa de governo considerado vago. Em uma eleição polarizada, sua campanha acabou perdendo força, e a vaga democrata ficou com Joe Biden.
Em 2020, um novo momento histórico marcou a trajetória de Kamala Harris. Os protestos antirracistas após o assassinato de George Floyd reacenderam o debate sobre a injustiça racial nos EUA, e o então candidato democrata, Joe Biden, prometeu escolher uma mulher como sua vice. Quando chegou o momento decisivo, ele anunciou Kamala como sua parceira de chapa para as eleições. Em 20 de janeiro de 2021, Kamala entrou novamente para a história como a primeira vice-presidente mulher e negra dos Estados Unidos. Mas, logo depois, assumiu um papel mais tímido no governo.
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